sábado, 16 de outubro de 2010

Vendedores ambulantes, “camelôs” ou trabalhadores legais

Depois de muito tempo na clandestinidade, os vendedores ambulantes do terminal rodoviário gozam de reconhecimento legal e estão organizados em uma associação




Diogo Leão e Sabrina Assumpção



Destino: São Paulo, mais de seis horas de viagem. O ônibus acaba de chegar à rodoviária, bate aquela sede, o que fazer? De repente, aparece à vista, homens com crachás e camisa azul, gritando “olha a água ai”. Eles aparecem carregando caixas de isopor cheias de garrafas de água, latas de refrigerante e petiscos para venda. No Terminal Rodoviário Governador Israel Pinheiro, os vendedores ambulantes antes clandestinos, hoje já não são trabalhadores reconhecidos perante a lei.

Há 15 anos, com aval da Prefeitura, foi fundada a Associação dos Vendedores Ambulantes do Terminal Rodoviário (ADVATER) em Belo Horizonte. “Para vender aqui, é necessário estar cadastrado na prefeitura e na associação”, diz Roberto Vieira, fiscal assistente da associação. Ele trabalha há mais de 30 anos como vendedor ambulante no local, e conta a respeito das melhorias em seu trabalho desde que, se uniu com colegas para formar a associação.

Roberto: "A gente trabalhava mesmo com a proibição"
“A gente trabalhava mesmo com a proibição, pois era o meio de ganharmos dinheiro”, diz Roberto. Ele também relembra da época em que já fora empreendido diversas vezes pelos fiscais, por trabalhar ilegalmente – “simplesmente chegavam e recolhiam a mercadoria. Sofríamos muitos abusos de poder”.

Uma das responsabilidades da ADVATER é fiscalizar as condições de trabalho dos seus integrantes. “Policio a condição de nosso trabalho dentro da associação, às vezes, algum integrante pode chegar para o serviço com camisa rasgada, embriagado ou algo do tipo”, fala Roberto sobre seu cargo dentro da associação.

Para sua melhor estrutura, a ADVATER, possui um depósito dentro do terminal rodoviário belorizontino, onde fica estocada a mercadoria para venda. Atualmente, um lugar, na Avenida Olegário Maciel, está sendo reformado para futuramente ser um centro de distribuição de mercadorias da Associação.

A ADVATER é gerenciada por quatro pessoas principais dentro da mesma. São elas: presidente, vice-presidente, tesoureiro e fiscal. As pessoas para ocupar os cargos, são eleitas dentro de um conselho de 4 em 4 anos, organizado pela própria instituição. Ela é composta por 54 integrantes ao todo, cada qual sabe quando pode começar a trabalhar. “Eu só posso chegar aqui às 15h, antes ainda tem outro aqui”, explica um dos vendedores que não quis revelar seu nome.

“A Associação é uma forma de trabalho justo”, diz um vendedor. Ele conta que trabalha como ambulante há 25 anos e que quando começou estava desempregado. Hoje, conta como sustenta os 4 filhos, com o dinheiro que ganha da porcentagem das mercadorias que vende todos os dias.

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