segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Os prós e os contra da assessoria política

Um debate que envolve o jornalista com a promessa de melhores salários, mas também põe na berlinda os ideais profissionais e a ética


Diogo Leão


Vivemos um dos anos eleitorais mais marcantes da história do Brasil. Foram eleitos representantes para quase todas as esferas do poder legislativo do país, além de governadores e de presidente. Neste contexto, tem se destacado muito a função do assessor político. O assessor político, para alguns, é o responsável pela construção da imagem; para outros, a de marqueteiro e até de ombudsman, como querem alguns. Os postos de trabalhos na comunicação social são muito variados, e já não são tão simples as divisões das funções entre jornalistas, publicitários e relações públicas. Apesar de tarefas essencialmente específicas, muitos dos que têm se dedicado à assessoria política são formados em jornalismo, Esta nova oportunidade tem oferecido melhores salários em vários casos.

Guilherme Minassa
Guilherme Minassa, atual coordenador de planejamento em informação da Câmara Municipal de Belo Horizonte – CMBH, ao falar sobre o respeito à verdade, quando o caso é lidar com a imagem de pessoas, argumenta que “manipular informações é o que, de um modo geral, fazem todos os veículos de comunicação, que como empresas, têm como razão de existir a sobrevivência financeira. Um bom assessor político precisa ter consciência desse contexto, porque na verdade estamos trabalhando a imagem de um político, que precisa da boa acolhida da opinião pública para se eleger a um cargo”. Sobre a formação e experiência profissional de uma pessoa para trabalhar como assessor, Guilherme recomenda que seja alguém que já tenha feito jornalismo político, que “conheça os dois lados do balcão”.

Com uma visão diferente sobre as funções de um assessor político, Luiz Carlos Silva, assessor de imprensa do deputado federal Luis Tibé, formado em jornalismo no Centro Universitário Newton Paiva, afirma que “se um assessor manipula uma notícia, ele estará construindo uma imagem falsa de uma pessoa. É o político sério e responsável que constrói a sua própria imagem, o assessor apenas divulga essa imagem. A política é vista com um grande preconceito no Brasil, assim o maior desafio para um assessor político é demonstrar que nem todos os políticos são iguais”.

Vereador Adriano Ventura
O vereador, professor na PUC Minas e jornalista Adriano Ventura entende a função do assessor político como “a mistura de um ombudsman com marqueteiro, um campo que está se abrindo cada vez mais para o jornalismo”. A maioria dos políticos não gosta de definir valores, quando o assunto é o salário de um assessor. No entanto, o vereador Ventura admite que “realmente a média do que um assessor político ganha é melhor do que quem está em veículos de comunicação em nível inicial”. Segundo o vereador, na Câmara de Vereadores de Belo Horizonte, o salário de um assessor, em geral, está ao redor de R$ 2 mil. Mas ele afirma que, na Assembleia legislativa pode variar de R$ 1.500 a R$ 8 mil. A variação se explica: os vereadores ou deputados de partidos pequenos costumam ter menos cacife que os caciques dos grandes partidos — “aqueles políticos que estão todo dia na mídia, que sabem como aparecer e têm a imprensa na mão”, como afirmou a assessora de um deputado emergente, que acabou de saltar da Câmara para a Assembleia Legislativa. Que se trata de um bom mercado de trabalho para os jornalistas, ninguém duvida, “mas tudo tem seu custo: se na imprensa não há fim de semana, na política não há hora nem paz” — o comentário é do vereador Adriano Ventura. Em um tempo em que as redações estão cada vez mais enxutas, não há como não se deixar levar pelas promessas desse novo filão do mercado. No entanto, vale levar mais a sério a consideração do vereador Adriano Ventura. Pior do que não ter paz nem fim de semana é ser escalado para, de repente, ter que explicar um mensalão que não se explica.



Um comentário:

  1. Bela matéria Diogo, na minha humilde opinião a assessoria de políticos é uma questão que deve ser analisada com cautela.É necessário pensar que seu nome pode ficar ligado a um político corrupto, por isso a cautela deve sempre existir neste meio...

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