sexta-feira, 9 de abril de 2010

Juntos no barco de Pedro

Lugar de pescador é no barco, lugar de barco é na água, e na água existem ondas. E quanto mais água, mais ondas. Sendo assim as ondas do mar são maiores e mais fortes que as ondas de um lago. Duros são os momentos de um pescador em um barco em alto mar durante uma tempestade!

Nossa Igreja é o barco no meio do mar durante uma tempestade, e o Papa é o pescador responsável por este barco, pois Jesus mesmo o encarregou disso quando disse: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16, 18), assim desde o apóstolo Pedro a Igreja passou por uma linha ininterrupta de papas até Bento XVI (cf. Catecismo da Igreja Católica, 861 e 862).

Jesus Cristo quis fundar a sua Igreja aqui na terra com homens, tendo o apóstolo Pedro como seu primeiro chefe. (cf. Catecismo da Igreja Católica, 765). Sim, fundou a Igreja com homens, não com anjos. E nós, os homens, somos pecadores, desde o Papa até a última pessoa que foi batizada. Jesus fundou a Igreja para comunicarmos a graça da salvação através dela, para que nos santifiquemos nela (cf. Catecismo da Igreja Católica, 824 e 846). E os que estão sendo santificado na Igreja não são somente os leigos, mas os diáconos, os padres, bispos, cardeais e até mesmo o Papa. Cada um de nós, com nossos pecados, porém auxiliados pela graça estamos buscando a santidade (cf. Catecismo da Igreja Católica, 825). No entanto, a Igreja, já que é formada por homens, é uma instituição que transparece as limitações humanas também e até mesmo os pecados de seus membros (cf. Catecismo da Igreja Católica, 827).

Agora vemos uma tempestade pela qual a Igreja passa. Alguns podem se assombrar achando que Jesus está dormindo no barco, esquecendo que Ele também quer provar nossa fé (cf. Lc 8, 23). Tristemente entre seus escolhidos aparecem novos Judas e outros membros da Igreja negam Jesus novamente como o fez Pedro nas vésperas da Paixão do Senhor (cf. Mt 26, 69-75). Não devemos esquecer que a água que cai com a chuva desta tempestade purifica. A Igreja desde o tempo dos apóstolos está em constante purificação dos pecados. A Igreja é “semper purificanda” (sempre a ser purificada), ao contrário de “semper reformanda” (sempre a ser reformada), como alguns quiseram sugerir. (cf. Catecismo da Igreja Católica, 827). As tentativas de reformas (como a reforma protestante) significaram uma ruptura da unidade da Igreja, indo diretamente contra o desejo de Jesus Cristo que pediu ao Pai que fôssemos um (cf. Jô 17, 21). E o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade da Igreja é o Papa, sucessor de São Pedro (cf. Catecismo da Igreja Católica, 882 e Lumen Gentium, 23). A Igreja sempre se purifica dos pecados dos homens, mas é sempre a mesma Igreja, fundada por Jesus Cristo, onde os seus membros unidos buscam a santidade não somente a pessoal, mas na consciência de sermos o Corpo Místico de Cristo, a santidade uma dos outros também. Neste processo de purificação sofremos. Sofremos quando vemos os males no corpo, sofremos aos termos que tomar remédios nem sempre prazerosos, sofremos quando os ramos são podados para poder dar mais frutos (cf. Jo 15, 2). Não obstante, os nossos corações devem se encher de alegria espiritual por ver que a água da tempestade nos está purificando, nos tornando mais puros e agradáveis aos olhos do Senhor.

Sim, são duros os momentos do pescador no barco no meio de uma tempestade em alto mar. Quanta responsabilidade pesa sobre os ombros do Papa! E o que nós faremos? Buscar bóias salva-vidas e pular fora do barco? Abandonaremos o Papa deixando todo o problema da tempestade para que ele resolva sozinho? Ou vamos agora nos unir ainda mais em torno do Papa, mais conscientes do que nunca que somos Igreja? Que estejamos juntos no mesmo barco, fazendo um compromisso maior com a santidade, exercitando mais a nossa fé e todos juntos, mais uma vez dirigiremos o nosso olhar para Jesus reconhecendo o nosso nada, a nossa incapacidade de sair desta tempestade e humildemente, juntos com Pedro, o Papa, elevaremos a Deus a súplica: “Senhor, salve-nos!” (cf. Mt 8, 25). E que honra maior que a de estar no barco colocado no mar por Jesus Cristo mesmo e de sermos salvos por Ele mesmo?


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