quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Bispos da Igreja Católica se desentendem sobre a atuação da Igreja na política

Diogo Leão

Dom Raymond Burke

Enquanto bispos católicos brasileiros entram em desacordo sobre o modo como atuar diante da política o Prefeito da Nunciatura Apostólica que funciona como espécie de supremo tribunal do Vaticano, Dom Raymond Burke, fala de certos bispos como trágico exemplo de desobediência na fé e diz que é impossível ser católico praticante apoiando o aborto e o casamento de pessoas do mesmo sexo na vida pública. Dom Raymond Burke discursou sobre o tema no 5o Congresso Mundial de Oração pela Vida realizado em Roma dos dias 5 a 10 de outubro de 2010. O discurso foi poucos dias antes que Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, Bispo Diocesano de Guarulhos, fizesse uma carta dirigida a todos os bispos do Brasil, manifestando seu descontentamento com a atitude de alguns líderes da Igreja Católica que apoiam candidatos que favoráveis a interrupção voluntária da gravidez e à união civil entre homossexuais.

O Congresso, no qual foi feito o pronunciamento de Dom Raymond, foi organizado pela Human Life international, organização que tem o objetivo de fazer uma oposição efetiva na sociedade ao que chamam de “cultura da morte”. Eles buscam um enfoque global a questão da vida humana desde o momento da concepção até a morte natural, atualmente contam com noventa e nove delegações em oitenta países, sendo considerada a maior organização pró-vida e pró-mulher do mundo.

“Muitos governos e organizações internacionais seguem uma agenda antivida e antifamília de forma agressiva”, denuncia Dom Raymond na abertura de seu discurso, no qual queixou que muitos católicos abraçam a falsa ideia de separar a vida pública de sua fé, ressaltando, sobretudo o fato de alguns católicos estarem aceitando a legalização do aborto e o reconhecimento civil do casamento entre pessoas do mesmo sexo. “Se cristãos falham ao articular e sustentar a lei moral natural, falham também ao dever fundamental de patriotismo e amor aos seus países no serviço do bem comum”, conclui o prefeito no apartado referente a vida pública dos cristãos.

Dom Luiz Gonzaga Bergonzini
Na carta que Dom Luiz Gonzaga enviou a todos os bispos do Brasil no dia 12 de outubro explica que fez “uma campanha contra os candidatos favoráveis ao aborto, de todos os partidos, a qualquer cargo”. Na carta também menciona uma série de ações tomadas tanto pelo partido dos trabalhadores, PT, quanto por muitos de seus membros com políticas a favor da legitimação do aborto e da união civil de pessoas do mesmo sexo. Quanto a denuncia recebida de crime eleitoral por parte de Dom Demétrio Valentini, da Diocese de Jales, e uma carta anônima ameaçando a sua vida o bispo da diocese de Guarulhos se defende dizendo, “Quero deixar claro que nunca indiquei apoio a qualquer candidato”.

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