domingo, 22 de novembro de 2009

Estado laico, liberdade religiosa e crucifixo nas escolas

A minha forma de entender um estado laico, é um estado que é governado por leigos. Leigo significando como aquele que não é parte da autoridade religiosa. Por isso leigo não é sinônimo de arreligioso, agnóstico ou ateu. Neste sentido os Estados Unidos dão certo exemplo, vemos vários políticos e até mesmo presidentes usando expressões religiosas sem medo de serem criticados e que no mesmo juramento que os estadunidenses fazem a bandeira pronunciam: “one Nation under God, indivisible with liberty and justice for all” (uma nação sob Deus, indivisível com liberdade e justiça para todos).

A separação entre Igreja e estado no Brasil ocorreu como libertação da Igreja do estado. Pois na época em que isso ocorreu, as diretrizes religiosas emitidas pelo papa tinham que ser aprovadas ou não por Dom Pedro II, quem até mesmo escolhia os bispos para o Brasil. O problema não era tanto a influência da Igreja no estado, pois era o estado que não garantia a liberdade religiosa da Igreja. E ainda hoje infelizmente, vemos um grupo de pessoas que se incomodam quando num estado laico e democrático os católicos manifestam as suas convicções. Será que querem que terminem com a liberdade religiosa e com a democracia para passarmos a viver sob a ditadura de uma minoria que não quer que outros se manifestem?

A presença de crucifixos em lugares públicos é uma manifestação da fé dos diretores ou freqüentadores da escola. O respeito da presença do crucifixo por aqueles que não compartem a fé é um bom sinal da virtude da tolerância tão exaltada nos nossos dias como condição para convivência pacífica no meio das diferenças. Como sabemos os cristãos são maioria no Brasil e se alguém aqui pede a retirada dos crucifixos este alguém é minoria que infelizmente não sabe viver a virtude da tolerância e que, no modo contemporâneo de avaliar as coisas, não é uma pessoa que contribui para a convivência pacífica no meio das diferenças. Seria bom que estes tenham consciência e vivesse um pouco de outra virtude, que é a de um mínimo de gratidão com a maioria que tem tolerado a diferença da minoria, a qual até mesmo está dando a possibilidade dela se manifestar e que leva em consideração o seu desacordo.

3 comentários:

  1. Estado laico é neutro do ponto de vista religioso. Laicidade é sinônimo de neutralidade, vale lembrar que Laicidade não é Ateismo, este nega a existência de Deus, o que o Estado Laico prega é a prevalência de um sem número de religiões.
    Se eu acredito no monstro de espaguete voador tenho o direito de por um quadro dele em sala de aula, ou num tribunal? Não adianta vir falar de tolerância quando essa mesma virtude não é vivida pelos mesmos cristãos, toleram os cristãos, o casamento gay, por exemplo?

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  2. Muito bom Diogo. Estado Laico é um Estado de direito sem fundamento religioso, não frisa pela lei religiosa, mas pelo direito positivado.
    O direito positivado parte de leis baseadas na cultura do país, pois são os próprios cidadãos que o fazem, principalmente em uma sociedade democrática. Isso quer dizer que se uma maioria decide, é efetivado. Caso o monstro não seja colocado na parede, é porque a pessoa não reivindicou seu direito de expressão.
    Caso o diretor não permita, a culpa é do diretor e não do Estado. Este não administra cada sala de aula diretamente, mas tem seus subordinados que o fazem.
    Portanto qualquer tipo de exclusão deste nível parte da autoridade local, e ela é a responsável.
    Quanto ao casamento gay, não é um problema dos cristãos, mas de qualquer agrupamento humano que se preocupe em primeiro lugar: Com a integridade humana da pessoa homossexual, pois permitir que ela se case não a transforma em outro sexo, não possibilita a ela integridade física, trocar os genitais não quer dizer trocar toda a estrutura fisiológica, os cromossomos continuam os de antes...
    Segundo, dissolve a família. Esta para manter seu núcleo original necessita de um casal hetero, que é capaz de se reproduzir e dar continuidade à família.
    Tolerância é a capacidade de suportar o diferente, não de concordar com ele e aprová-lo.
    Numa sociedade como a nossa, a aprovação ou não parte do senado, não dos indivíduos.

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  3. concordo com as questoes tao bem expostas sobre laicidade e tolerância. só gostaria de dizer que falar que o casamento homossexual dissolve a família é uma afirmaçao pré-conceituosa. acho que nao podemos, hoje, considerar a familia exclusivamente como "um casal hetero, que é capaz de se reproduzir e dar continuidade à familia". a familia é uma das instituiçoes mais importantes da sociedade, e tem seu valor reconhecido principalmente pela igreja. por isso mesmo, acho que nós, como cristaos, devemos partir da tolerância para discutir as questoes que envolvem o conceito e a existência da familia. negar à um casal homossexual o direito de se chamar de familia é simplificado e extremista. acho que os conceitos mudam, e o pensamento deve mudar. nao defendo nem critico a liberaçao de casamentos homossexuais, o que defendo aqui é a valorizaçao da familia que está se constituindo agora, com as transformaçoes sociais que acontecem e lhe atingem a todo instante.

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